quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Prevenir é melhor que remediar

por Marcos C. Ribeiro
disponível em: http://www.carpsi.com.br/Newsletter_10_jul-11.pdf


Um velho e sábio ditado já enfatiza, há tempos, que prevenir é
melhor do que remediar. Nas áreas de Segurança no trabalho,
na Saúde e Meio ambiente, no ambiente empresarial (EHS –
Enviromental Safety and Health) também há muitos anos se defende,
e com razão, que para menor ocorrência de incidentes e
acidentes com efeitos sobre o homem ou meio ambiente devese
priorizar as ações “prevencionistas” (Aquelas que previnem
ao invés de remediar).
As áreas que cuidam da saúde pública e privada entendem o
mesmo, que boas políticas de prevenção (medicina ou odontologia
preventivas, por exemplo) têm maior efeito sobre a saúde
da população e menor custo social de atendimento hospitalar.
Os melhores planos de saúde propõe e permitem a seus associados
um programa de melhoria de qualidade de vida e
prevenção de doenças sistêmicas ou epidêmicas (stress, obesidade,
hipertensão etc..) a custo zero, pois em geral no médio e
longo prazos percebem uma redução dos custos de atendimento
destes mesmos associados.
A grande questão é: “por que não conseguimos aprender com
todos estes exemplos e adotamos medidas de prevenção em
outras áreas de nossas vidas? Por que nos permitimos perdas
razoáveis de valores tangíveis e intangíveis para nós ou nossos
filhos sem nenhuma medida de prevenção ou seguro contra
estas perdas?”
Vejamos o ponto:
Segundo algumas estatísticas pouco divulgadas, o índice de
desistência (evasão voluntária), na primeira ou segunda escolha
de um curso de graduação do 3º grau, chega às Universidades
particulares até 30% no 1º e ou 2º ano de curso.
O índice de graduados no 3º grau que exercem trabalhos
e atividades remuneratórias totalmente diversas do que previam
no seu esforço de graduação do 3º grau é ainda maior
que 30%.
Atualmente na média do Brasil somente 20% dos que ingressam
nas faculdades de engenharia acabam por completar
o curso e obter a graduação. 80% desistem no decorrer
do curso.
O índice também é crescente no grupo dos recém formados
em cursos mais generalistas como, por exemplo, Administração
de Empresas, que com o diploma na mão se perguntam,
por um ou dois anos, “em que área da administração
eu vou me realizar mais e me desenvolver mais e, portanto,
obter o progresso e satisfação profissional que sonhei?”
Pois bem, se de um lado temos um sistema educacional
formal e oficial de qualidade duvidosa e decrescente, que
não se importa com nada mais do que manter o fluxo de
alunos em aprovação quase automática, para que seus índices
comparativos internacionais não envergonhem tanto a
nação; De outro temos o sistema privado, em geral, melhor
equipado para dar conteúdo e até alguma evolução de habilidades
e competências, durante o período fundamental
e secundário, mas que tem na aprovação dos vestibulares
pelos seus alunos a métrica mais importante para retenção
e aquisição de novos clientes no mercado (os pais dos alunos!).
No fundo pouquíssimas instituições educacionais reservam
alguma preocupação, tempo e comprometimento com seus
alunos no sentido de dar-lhes a oportunidade de descobrir
suas melhores possibilidades de desenvolver-se profissionalmente
na vida real, com possibilidades de também ser feliz e
bem sucedido qualquer que seja sua escolha, desde que seja
uma escolha consciente.
É verdade que a idade tenra dos adolescentes, sua imaturidade,
quando forçados a tomar este tipo de decisão (escolha
da carreira profissional) pode ser um argumento válido para
crítica ao sistema. Mas enquanto o sistema exige, o melhor
é resignar-se, tentar um palpite de parente maduro ou deixar
o adolescente escolher por si, pelas influências normais das
modas, das mídias, dos papos de colegas e ou tentar simplesmente
a sorte?
Se a idade não é a mais adequada para este tipo de decisão.
Se as mídias, modas e convenções induzem as escolhas pautadas
pelo mercado em alta demanda, ou maiores salários nos
últimos anos ou qualquer outra tendência.
Se ainda as possibilidades de escolhas são cada vez mais amplas.
Se as opções de trabalho tendem a ser maiores do que as
opções de empregos (PJ, CLT flex etc..) .
Se de repente, no Brasil pós Lula, até emprego publico ganhou
novo charme e a procura por concursos públicos tem superado
as melhores previsões.
Se tudo isso ocorre o quê se pode fazer para minimizar os riscos
e frustrações de pais e filhos?
A melhor opção de prevenção de riscos e perdas tangíveis e
intangíveis é a de permitir a oportunidade de uma bem feita
avaliação de perfil e habilidades para, em conjunto com o profissional
da área, encontrar a melhor orientação profissional
que dê respaldo e suporte a escolha da forma mais consciente
possível.
Isto vale para qualquer idade desde os 16 anos (recomenda-se
a partir da 2ª série do 2º grau) até o recém formado ou até
aqueles que por falta de oportunidade só puderam entrar na
faculdade depois de maduros.
Cada ano perdido na escolha errada durante a graduação custa
o intangível do tempo perdido que não mais se recupera.
Custa a frustração da escolha equivocada e o esforço da retomada
e recomeço na 2ª ou até 3° escolha como tem ocorrido
com freqüência. Alem do tempo o custo emocional que nem
sempre acrescenta um amadurecimento adicional sem dor.
Nos quatro anos de existência da CARPSI, cerca de 70% dos
clientes que realizaram o processo de Orientação Profissional
já haviam desistido em uma ou duas escolhas, ou pior, vieram
repensar a profissão após de experiência na área escolhida.
O custo tangível é menor, mas ainda assim significativo:
As mais acessíveis Universidades vão custar, por ano letivo,
pelo menos R$ 6000,00 e podem, nos cursos mais sofisticados
em infra-estrutura, instalações e corpo docente, custar
ao ano até R$ 33 mil reais.
Pois bem, este é o custo tangível de cada ano perdido pela
escolha errada. Adicionem-se a isso as despesas normais de
locomoção, material e livros, lanches e até estacionamento
em alguns casos e, portanto, deve-se adicionar de 20 a 30%
de despesas colaterais de um ano de estudos no 3º grau.
As universidades agradecem quando por estes equívocos:
30% de seus alunos ao invés de encerrarem o ciclo em 4 ou
5 anos como seria o esperado permanecem no sistema de
6 a 8 anos, não por falta de estudo ou interesse, mas por
terem escolhido a opção errada. Isto representa pelo menos
de 15 a 20 % de crescimento do mercado de ensino no 3º
grau por equívocos de escolha no que seria o faturamento
médio per capita esperado e normal.
É certo considerar que no passado e até hoje uma parcela
da população não teve ou não tem recursos financeiros,
orientação e nem educação para pensar nisso e quando
chegam a idade de trabalho por necessidade estão finalizando
o 1º grau ou iniciando o 2º grau. Esta parcela não
tem respaldo público e nem terá tão cedo. Mas a classe
média ascendente e crescente já, não mais, pode usar este
argumento. Todos os alunos de classes ascendentes têm seu
celular, vão as baladas e tem renda média familiar para não
prescindir de um esforço de prevenção de sair ao encontro
do mercado de trabalho sem uma orientação profissional
adequada. Isto custa menos de 20% do custo anual das
faculdades mais acessíveis.
As vacinas reduzem as epidemias e evitam muitas doenças
e se não distribuídas em postos de saúde ainda por precaução,
podem ser tomadas ao custo que estiver ofertada nas
clínicas de vacinação, pois o custo da vacina é menor que
20% do custo do tratamento em caso da doença existir na
vida do paciente.
É por isso que a ênfase é dada, para que se permita aos
jovens que estejam mais bem assessorados, respaldados e suportados
para que suas escolhas profissionais, pré-vestibular,
possam ser as mais corretas possíveis. De forma que a epidemia
de escolhas equivocadas e seus custos tangíveis e intangíveis,
que serão conseqüência inexorável para o indivíduo e
para a família, não se tornem um custo social involuntário.

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